MÁSCARAS - QUEM USA?
- Não é de hoje que volta e meio me pego num mundo autista, só meu, estatelado com uma cena que não compreendo. Eu paro de chofre e levo um tempo mais que o considerado "normal" para processar o fato. "Por que fulano fez isso?" "Sicrano concordaria se... mas só se beltrano também..." e então percorro um exaustivo caminho tentando desvendar os atos alheios. Mas o incrível é que por mais que eu pesquise, analise, me esforçe em entendê-los, mais posso afirmar que é o que faço de pior.
- As máscaras são as responsáveis. Não a palavra concreta, mas o que desliza por trás dela, sendo uma forma ilusória de como alguém gostaria de se apresentar ao mundo. É um mecanismo de defesa querer arrancar de alguém essa camada falsa. Quantas vezes também nem precisamos. Você já deve ter percebido algum dia que acima de um sorriso, aparentemente amigável, se encontrava um par de olhos ofídicos dilacerando toda a sua ingenuidade.
- Nossa personalidade é uma máscara. Baseamos nossas condutas segundo o resultado de pessoas de sucesso, pessoas que foram notadas, admiradas, ou apenas pessoas que conseguiram sobreviver nesse mundo de cão. "Bom, agora vou me vestir de preto, pintar os olhos e massacrar a mídia hollywoodiana." "Não, não, vou sorrir protocolarmente, acenar como o Papa, adaptar meus trejeitos aos dos atores de algum musical, quem sabe assim alguém me ame." "Faz favor, quero que o mundo inteiro sucumba. Aquecimento global? Minhas fezes à terra e olhe lá!" As reações de cada um são infinitamente diversas, complexas assim como a ambição de ser feliz. Pois queremos ter algo de diferentemente, e essa disputa de ser diferente da pessoa do seu lado é recíproca, assim nunca haverá um ponto comum, um período de auto-satisfação desvinculado de crises existenciais.
- Como reconhecer tais máscaras? Para começar, é bom render-se e alegar numa demasiada loucura que "não ter máscara é anormal". É instintivo, adaptativo, único, possuir máscaras. Logo mascarar suas emoções, sentimentos sombrios ou não, é nada mais que o emprego da razão. Quem dera haver um manual de como "ler uma pessoa" 100% confiável. Mas isso seria bom? Vivemos de um certo modo que mal sabemos nos ler. Só há uma lição que pode-se tirar deste assunto: não perca tanto tempo tentando compreender alguém. Não importa se você o conhece, ele(a) sempre terá algo em seu abismo particular que você nunca, nunca mesmo, conseguirá chegar perto. Então viva sendo o mais expressivo possível, não dando margens para falsas interpretações, e assim colhendo uma felicidade muita mais cedo, e deixe o resto para surpresas póstumas, rs.
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