Assombroso relato de um sobrevivente

O nome dessa triste vítima é Ochola John, 25 anos, o homem da foto. Leiam o que ele disse:

"Eu desejo poder nascer novamente. Machuca ver meu reflexo por causa da minha aparência, agora. As memórias de tudo isso são tão dolorosas.Estava de noite quando eu vi um monte de tochas vindo em minha direção. Fui ordenado a me deitar de cara no chão. Enquanto isso, muitos deles entravam em várias casas ao meu redor. Eles pegaram muitos - amarrando-os e os botando no chão em três linhas.

As pessoas gritavam de todos os cantos da nosssa vila.Dois homens foram amarrados e e forçados a ficarem no chão com suas cabeças juntas. Os rebeldes tentaram me forçar a pegar um pedaço de madeira e esmagar as cabeças deles, mas eu me recusei então um deles veio com uma faca e cortou minha orelha esquerda fora. Ele me acusou de ser soldado do governo e disse que eu seria morto se eu ñ esmagasse as cabeças deles. Mas então, eles mesmos começaram a esmagar os crânios das pessoas ao meu redor.

Às 7:00 da manhã, eles lideraram 35 de nós para dentro da mata. Cerca de 5 km após a cena, eles começaram a debochar de mim, dizendo que eu era um "cabeção" e, por ter recusado a respeitá-los, iriam me cozinhar vivo.Eles continuaram a nos bater, e a negar comida e água. Nós reclamamos dizendo que estávamos com sede e fome. Pararam de estuprar as mulheres do nosso grupo e encenaram como se fossem deixar que a gente bebesse e comesse.

As mulheres foram forçadas a ferver água numa grande lata.Logo eles anunciaram que iríamos comer um soldado do governo - supostamente, eu.

Durante um bom tempo os rebeldes voltaram a nos bater - os homens - com metais quentes e a estuprar as mulheres. Eu já estava morto espiritualmente.Eles voltaram a mim num certo ponto e me amarraram antes de retalharem meus lábios. E então cortaram minha orelha esquerda e meu nariz.

Algum tempo depois, o comandante deles, Joseph Kony, ligou e mandou que deixassem a área imediatamente.Nós fomos, então, re-posicionados cerca de 15km adentro da mata.

Eu estava sangrando. Eu ñ conseguia mais chorar, e por 2 dias eu ñ conseguia beber. Os rebeldes discutiram por 2 dias se eu deveria morrer ou ñ. Falaram q eu era um mau presságio e então deveria sofrer.Meus ferimentos começaram a apodrecer. O cheiro era mt ruim. Mesmo assim me negaram qualquer tratamento.Então, no 17° dia, porque eu ñ esperava viver, insultei o comandante deles esperando que, em vingança, ele me matasse.Ele apenas ordenou que seus soldados cortassem as minhas mãos fora. Eles o fizeram.

Naquela noite lembro de uma amiga chorando. Uma delas tinha sido morta e a outra teve o seio cortado.Os rebeldes pegaram duas garotas famintas, q mal conseguiam andar de repetidamente serem estupradas, e ordenaram q me levassem para casa. Nós três estávamos sem ajuda. As garotas choravam, inconsoladas, quando alguns soldados do governo nos acharam e nos levaram diretamente ao hospital mais póximo, onde fomos tratados. Lá, minha esposa veio me ver, com meus pais, parentes e amigos.

Eles acharam difícil me ver como um ser humano. Eu estava apodrecendo, fedido e deformado.(...)Eu odiava a vida, queria cometer suicídio e morrer. Minha esposa ficou tomando conta de mim no hospital. Eu pedia para que ela me deixasse, que eu estava deformado e ñ podia ser mais seu marido. Ela recusava dizendo que a criança que ela estava esperando precisava de um pai.Ela dizia que eu ñ pedi para ser deformado e que algum dia Deus deixaria que eu soubesse pq fui colocado em tal prova.

Quando nosso bebê nasceu eu o chamei de Anywar, que em nossa Línga Luo significa um insulto ou um abuso. Eu o chamei assim por causo do que o líder do Exército de Resistência do Senhor, Joseph Kony, fez a mim.Eu tento, mas eu não consigo perdoar, e eu não posso esquecer."

Essa entrevista eu tirei do BBC NEWS. Tentei traduzir do texto em inglês que vocês podem achá-lo na íntegra no site da BBC.

Mais tarde contarei sobre esses conflitos em Uganda por causa do LRA (Lord's Resistance Army) ou ERS (Exército de Resistência do Senhor).